Após as intervenções pós-qualificação, acho que a versão final de minha dissertação, já batizada de "ATENÇÃO, TRANSDUÇÃO, INDETERMINAÇÃO: Sobre
estética e política à luz das imagens heterocrônicas e das
narrativas transmídia", pode ser resumida assim:
A presente dissertação está ancorada em três termos: atenção, transdução e indeterminação. Nossa hipótese consiste na defesa de uma relação de imanência entre eles, sendo a atenção um sistema transdutivo portador de um potencial de indeterminação. Tal formulação se afasta da abordagem cognitivista da atenção que, baseada na Teoria da Informação e comprometida com a eficácia no desempenho de tarefas, tornou-se a perspectiva hegemônica nos discursos acerca da atenção. Além disso, nossa asserção está na base, ao mesmo tempo em que é um efeito, do nosso entendimento de como se relacionam estética e política na contemporaneidade. Pois se por um lado, o fato de pensarmos os regimes atencionais como sistemas transdutivos nos liberta de um mundo dado a priori, por outro, a margem de indeterminação implicada neste sistema abre nosso campo de experimentação afetiva a todo tipo de investimento, intencional e não-subjetivo, que delineia as estruturas dinâmicas de poder que configuram nossa formação histórica. Privilegiaremos em nossas análises dois recentes fenômenos midiáticos que nos parecem estratégicos para uma leitura das relações entre estética e política, à luz da noção de atenção: o que Thomas Levin (2006) chamou de imagens heterocrônicas e o que ficou popularmente conhecido como narrativas transmídia. O primeiro deriva dos desenvolvimentos digitais nas tecnologias da imagem, sobretudo em seu aspecto modular (Manovich: 2001), que propicia um colapso nas categorias forjadas na estética de Gotthold Efraim Lessing de consecução e adjacência, de narração e imagem, de tempo e espaço. O segundo fenômeno configura-se na esteira dos desenvolvimentos da web 2.0, que reconfiguram o contexto midiático sem que os sistemas tradicionais de transmissão (broadcast) desapareçam. No caso das narrativas transmídia, observamos um rearranjo na lógica narrativa que se tornou hegemônica na indústria cultural moderna, no sentido de que essas novas narrativas deixam de ser entendidas como um sistema fechado, portador de um sentido determinado no âmbito da produção, e se capilariza nas redes, adquirindo tantos sentidos quanto os nós que é capaz de produzir. Nossas análises dos processos atencionais orquestrados por essas novas produções midiáticas supõem a instalação da atenção na dobra entre o mundo como fluxo e movimento e o mundo individuado e estático, o que desenvolvemos a partir de autores como Henri Bergson e Gilbert Simondon.
Caso o finalzinho deste período pré-natal ocorra sem grandes emoções e a "criança" esteja saudável, será um prazer compartilhar o parto com os amigos.
Data, hora, local e banca: informo assim que estiver com tudo confirmado.
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